segunda-feira, 14 de abril de 2014

Jardim Lapenna em Foco: O bairro na voz dos moradores.

Estivemos nos reunindo desde o início do ano colocando tudo em ordem para a atuação deste ano. Dentre muitas coisas, planejamos novas exposições do projeto do ano passado, as quais ainda estamos em negociação, estamos organizando um grupo de estudo com temas sociais, políticos, educativos e culturais, que ainda estamos colocando na linha. Mas principalmente organizamos um novo projeto para a captação do recurso provido pelo VAI - Valorização de Iniciativas Culturais.

O projeto Jardim Lapenna em Foco: O bairro na voz dos moradores foi aprovado, e começamos a nos dedicar a deixar tudo bem redondo para a nossa atuação.

Este é o projeto deste ano.

Projeto Jardim Lapenna em Foco: O Bairro na Voz dos moradores

Resumo do Projeto

O Projeto “Jardim Lapenna em foco: O bairro na voz dos moradores”, propõe ações baseadas na utilização de multi-linguagens e seus hibridismos, que resultarão em intervenções urbanas, atendendo à nossa proposta de ativação cultural do espaço público.
No ano anterior, o contato com os moradores foi constante, destes, muitos relataram e contaram histórias sobre suas vidas ou como colaboraram para o crescimento e desenvolvimento do bairro, o que motivou este projeto.
Conhecer e divulgar estas histórias aos outros moradores, foram a força motriz, pois a nova geração local, muitas vezes, apenas utiliza o espaço como dormitório, desconhecendo a origem do lugar onde vivem.Desta forma o projeto será dividido em 4 fases de atuação:
  1. Captação destas histórias por meio de entrevistas em vídeo com os moradores do bairro. Para isso envolveremos os participantes das oficinas do ano anterior na equipe de produção, estes receberão um período de formação para auxiliar nesta captura.
  2. Ação de oficinas/ateliê que abordarão 3 linguagens específicas: textual, fotográfica e stencil. As oficinas partirão das histórias capturadas na etapa anterior,com criação e desenvolvimento de trabalhos resultando em produtos para intervenções urbanas (aplicação de stencil e lambe-lambe).
  3. Intervenção Urbana composta de ações diferenciadas, promovendo o aquecimento cultural do bairro. Serão estas:
    • Fixação das imagens e textos produzidos em oficina nas ruas do bairro por meio de lambe ou stencil.
    •     Performer, a contar como “causos” as histórias coletadas, na rua durante o dia-a-dia do bairro, em eventos como a feira livre que acontece semanalmente;
    •     Carro de som que andará pelas ruas do bairro contando estas histórias;
    • Projeção de pequenas capsulas de vídeo nos muros do bairro no período da noite,contando as histórias dos moradores.
    • Além da exibição de filmes com a temática urbana para discussões com o público não atuante do projeto.
       
  4. Mostra a ser realizada no Galpão de Arte e Cidadania do Jardim Lapenna. Composta por:
    • Exibição dos vídeos coletados.
    • Exposição do material produzido nas oficinas e fotografias de todo o processo.
    • Ação educativa: Propostas de ações de integração ao público visitante, realizadas por um mediador cultural.
     

Justificativa

Embora pertença ao distrito de São Miguel Paulista, fisicamente o Jd. Lapenna está separado do distrito. O bairro encontra-se cercado por limites como os muros da CPTM, as dependências da Indústria Nitroquímica e as estradas de Jacú-Pessego e Ayrton Senna. Essa geografia, que dificulta o acesso a atendimento público, causou um efeito social que mobilizou a união dos moradores em busca da melhoria do local, e a conquista de alguns destes direitos sociais partiu, principalmente, da ação comunitária, e foi possível se apropriar disso com maior intensidade ao contato com os moradores em 2013. Nestes encontros casuais, os moradores contaram sua própria história e versão dos fatos sobre como tudo aconteceu, desde as invasões dos terrenos até a organização de um movimentos de mutirão de construção de casas, seguido por conquista de muitas melhorias como posto de saúde, creche e espaço cultural, que foram adquiridas por meio desta união social.
Mas com o processo dinâmico do crescimento urbano, novos moradores se estabeleceram nos últimos anos, e surgiram novas gerações, que ocasionou mudanças daquelas que, aos poucos, fazem as histórias se perderem. A rotina conturbada das grandes cidades pode ocasionar o aparecimento de muros invisíveis que bloqueiam a percepção das ocorrências na região, como novas ocupações que vem acontecendo sem que os moradores mais desatentos notem.
Ao compreender a força dos novos acontecimentos em detrimento da memória do bairro, o Coletivo produzirá um material que não se restrinja apenas a construção de documentos históricos, mas também em construções poéticas e afetivas. Pretende retomar e registrar os processos de tradição oral, sempre presentes na construção da história humana.  Se apoiará em meios contemporâneos de divulgação e ocupação do espaço urbano, para compartilhar pensamentos, sentimentos e ações ocorridas durante a fundação e construção do bairro, um (re)encontro com estas memórias que, intensificam a reflexão sobre a identidade local e de seus moradores.
Quando contam histórias a partir das lembranças que permeiam a alma, este pedaço de terra quase esquecido na periferia da zona leste de São Paulo ganha vida.

Objetivos

Criar, a partir da história oral, a disseminação da memória local em busca de uma tradição oral;
Propor aos participantes, por meio das atividades, um olhar reflexivo a cerca do espaço em que vivem e de si mesmos, além do aprendizado e apropriação de linguagens artísticas;